A Merck, a gigante farmacêutica por detrás das estatinas amplamente utilizadas, está a desenvolver uma pílula inovadora que promete reduzir drasticamente os níveis de colesterol LDL prejudicial – potencialmente inaugurando uma nova era de prevenção de doenças cardíacas. Essa potencial virada de jogo vem na forma de enlicitide, um medicamento desenvolvido para bloquear a PCSK9, uma proteína do fígado que dificulta o processo natural de remoção do colesterol do corpo.
Os primeiros resultados dos ensaios clínicos da Merck são altamente promissores. O Enlicitide reduziu o colesterol LDL em até 60% nos participantes – um nível comparável aos inibidores injetáveis de PCSK9 existentes, como Praluent e Repatha. Essas injeções, no entanto, enfrentaram obstáculos significativos à adoção devido aos altos custos (mais de US$ 500 por mês) e à inconveniência da administração frequente. O método de administração oral do Enlicitide poderia melhorar significativamente a adesão do paciente e potencialmente tornar esta poderosa terapia para redução do colesterol mais acessível.
Os benefícios potenciais vão além da mera conveniência. Estudos demonstram consistentemente uma forte ligação entre níveis mais baixos de colesterol LDL e risco reduzido de ataques cardíacos e derrames. Notavelmente, parece não haver nenhuma desvantagem em atingir níveis excepcionalmente baixos de LDL, mesmo na adolescência ou na casa dos vinte anos – um feito raramente observado nas terapias atuais. Especialistas como o Dr. Daniel Soffer, cardiologista da Universidade da Pensilvânia, enfatizam este ponto: “Quanto menor é melhor, com certeza”.
Essa descoberta ocorre após anos de desafios científicos. Embora a proteína PCSK9 tenha sido identificada como o principal alvo dos medicamentos para baixar o colesterol há uma década, as empresas farmacêuticas lutaram para desenvolver um medicamento oral eficaz. O problema resultou do imenso tamanho da proteína PCSK9. As pílulas existentes dependem de pequenas moléculas que eram demasiado diminutas para se ligarem eficazmente.
A solução da Merck envolveu uma inovação notável: criar um círculo de peptídeos, minúsculo, mas suficientemente grande para imitar o mecanismo de ligação dos anticorpos injetados. Esta abordagem engenhosa abre caminho para a criação de versões baseadas em pílulas de outros medicamentos injetáveis atualmente.
Dr. Dean Li, presidente dos Laboratórios de Pesquisa Merck, prevê um futuro onde a enlicitida se tornará tão comum quanto a aspirina ou os medicamentos para pressão arterial. Ele enfatiza a importância da acessibilidade e da acessibilidade generalizada: “O sonho é democratizar a PCSK9”, disse ele.
Embora os ensaios clínicos da Merck continuem com grupos maiores de participantes para confirmar os benefícios cardiovasculares e a segurança a longo prazo, este desenvolvimento é imensamente promissor. Dr. Christopher Cannon, cardiologista do Brigham and Women’s Hospital, vê a enlicitida como “o futuro” do controle do colesterol.
A AstraZeneca também está a desenvolver a sua própria pílula PCSK9, destacando ainda mais o potencial desta abordagem revolucionária para revolucionar os cuidados de saúde cardíaca. Se for bem-sucedido, o enlicitide da Merck poderá impactar significativamente milhões de pessoas em risco de doenças cardiovasculares, oferecendo um caminho mais conveniente e potencialmente menos dispendioso para atingir níveis criticamente baixos de colesterol LDL.
